24.5.11

A discriminação no Brasil é étnica, social e regional

Emir Sader

O processo de ascensão social de massas, inédito no Brasil, volta a promover formas de discriminação. A política – de sucesso comprovado – de cotas nas universidades, a eleição de um operário nordestino para Presidente da República – igualmente de sucesso inquestionável -, a ascensão ao consumo de bens essenciais que sempre lhes foram negados – fenômeno central no Brasil de hoje -, provocaram reações de discriminação que pareciam não existir entre nós.

A cruel brincadeira de repetir um mote das elites – “O Brasil não tem discriminação porque os negros conhecem o seu lugar” – mostra sua verdadeira cara quando essas mesmas elites sentem seus privilégios ameaçados. Setores que nunca se importavam com a desigualdade quando seus filhos tinham preparação sistemática para concorrer em melhores condições às vagas das universidades públicas, passaram a apelar para a igualdade na concorrência, quando os setores relegados secularmente no Brasil passaram a ter cotas para essas vagas.

Professores universitários – incrivelmente, em especial antropólogos, que deveriam ser os primeiros a lutar contra a discriminação racial -, músicos – significativa a presença de músicos baianos, que deveriam ser muito mais sensíveis que os outros à questão negra -, publicaram manifesto contra a política de cotas, em nome da igualdade diante da lei do liberalismo.

A vitória da Dilma, por sua vez, provocou a reação irada e ressentida de vozes, especialmente da elite paulistana, contra os nordestinos, por terem sido os setores do país que pela primeira vez são atendidos em seus direitos básicos. Reascendeu-se o espírito de 1932, aquele que orientou o separatismo paulista na reação contra a ascensão do Getúlio e de suas políticas de democratização econômica e social do Brasil. Um ranço racista, antinordestino, aflorou claramente, dirigidos ao Lula e aos nordestinos, que vivem e constroem o progresso de São Paulo, e aos que sobreviveram à pior miséria nacional no nordeste e hoje constroem uma região melhor para todos.

A discussão sobre o metrô em Higienópolis tem a vem com a apropriação privilegiada dos espaços urbanos pelos mais ricos que, quando podem, fecham ilegalmente ruas, se blindam em condomínios privados com guardas privados. A rejeição de pessoas do bairro – 3500 assinaturas – à estação do metrô expressava o que foi dito por alguns, sentido por todos eles, de impedir que seja facilitado o acesso ao bairro – a que mesmo seus empregados particulares tem que chegar tomando 2 ou 3 ônibus -, com a alegação que chegariam camelôs, drogas (como se o consumo fosse restrito a setores pobres), violência, etc.

Nos três tipos de fenômeno, elemento comum é a discriminação. Étnica, contra os negros, na política de cotas; contra os nordestinos, nas eleições; na estação do metrô, contra os pobres.

Os três níveis estão entrelaçados historicamente. Fomos o último país a terminar com a escravidão, por termos passado de colônia à monarquia e não à república. Adiou-se o fim da escravidão para o fim do século. No meio do século XIX foi elaborada a Lei de Terras, que legalizou a propriedade – via grilagem, em que em papel forjado é colocado na gaveta e o cocô do grilo faz parecer antigo. Quando terminou finalmente a escravidão, todas as terras estavam ocupadas. Os novos cidadãos “livres” deixaram de ser escravos, mas não foram recompensados nem sequer com pedaços de terra. Os negros livres passaram a se somar automaticamente à legião de pobres no Brasil.

O modelo de desenvolvimento, por sua vez, concentrador de investimentos e de renda, privilegiou o setor centro sul do Brasil, abandonando o nordeste quando se esgotou o ciclo da cana de açúcar. Assim, nordestino, esquematicamente falando, era latifundiário ou era pobre. Esse mesmo modelo privilegiou o consumo de luxo e a exportação como seus mercados fundamentais, especialmente com a ditadura militar e o arrocho salarial.

A discriminação dos negros, dos nordestinos e dos pobres foi assim uma construção histórica no Brasil, vinculada às opções das elites dominantes – em geral brancas, ricas e do centro-sul do pais. A discriminação tem que ser combatida então nas suas três dimensões completamente interligadas: étnicas, regionais e sociais. O fato do voto dos mais pobres (que inclui automaticamente os negros) e dos nordestinos estar na base da eleição e reeleição do Lula e na eleição da Dilma, com os avanços sociais correspondentes, só acirram as reações das elites. Discriminações que tem que ser combatidas com políticas públicas, com mobilizações populares e também com a batalha no plano das idéias.

 

Emir Sader | 13/05/2011 às 05:22

 

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23.5.11

Situação da saúde em Caxias é tema de audiência pública

Greve dos médicos será abordada na reunião da Comissão de Saúde

Nesta segunda-feira (23/05), a partir das 14h, no plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul, será realizada audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa para tratar da situação da saúde no município. O vereador-presidente da comissão, Renato Oliveira/PCdoB, adianta que o principal objetivo será traçar um diagnóstico geral da área. A paralisação dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), que completará 40 dias neste sábado, também estará na pauta, assim como, a regulamentação da emenda constitucional 29, que obriga os estados e o Distrito Federal a destinarem, pelo menos, 12% de seu orçamento para a saúde, e os municípios, 15%.

Representantes do Ministério Público, do Ministério do Trabalho e do Conselho Municipal de Saúde confirmaram presença. Deverão participar, também, a prefeitura e os sindicatos dos servidores municipais e da categoria dos médicos.

Segundo o Sindicato dos Médicos, a greve atinge 50% dos profissionais. A categoria reivindica que o salário-base passe dos atuais R$ 2.257,00 para R$ 9.188,00.

Além do presidente Renato, integram a Comissão de Saúde os vereadores Ana Corso/PT, Arlindo Bandeira/PP, Denise Pessôa/PT e Gustavo Toigo/PDT.

20/05/2011 16:51
Assessoria de Comunicação
Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

19.5.11

Justiça cobra atendimento de urgências e emergências pelos médicos em Caxias do Sul

http://www.radiocaxias.com.br/2010/www/_thumb/phpThumb/phpThumb.php?src=../../_resources/_uploadedfiles/_noticias_fotos/0.09734700%2013057626491705436332d539c258cb02e5da448a7b07c0732dcb414dcecf.jpg&w=284&zc=1

O impasse entre os médicos e a prefeitura está longe de chegar ao final, e a questão permanece na Justiça.

Na terça-feira (17), a 2ª Vara de Caxias do Sul reiterou a decisão do Tribunal de Justiça, que determina que a paralisação é legal, mas exige que a categoria mantenha 100% do quadro médico no Pronto Atendimento e atenda a totalidade dos casos de urgência e emergência. Em relação aos demais casos, os médicos têm que atender todos os pacientes, mesmo utilizando apenas 50% do quadro de profissionais.

A juíza Maria Aline Brutomesso foi informada pelo município de que os médicos não estão cumprindo a determinação, já que apenas 50% do quadro vêm atuando nas urgências e emergências.

A magistrada exige o cumprimento da determinação do Tribunal, e frisa que, em caso contrário, o Sindicato dos Médicos pode pagar multa de R$ 20 mil por dia.

A greve dos médicos do Sistema Único de Saúde de Caxias do Sul começou em 11 de abril.

http://www.radiocaxias.com.br/2010/www/portal/index.php?view=noticia&id_noticia=7480

11.5.11

3 a 1 « TV Brasil

Quarta, 11/05 - 22h30

 

Miséria

Especialistas debatem o problema no Brasil, que é maior no campo

 

No final do mês de abril, o governo anunciou que em breve lançará o “Programa Brasil sem Miséria”. O objetivo é atender ao número de pessoas que estão na exclusão total das condições mínimas de dignidade. Há estudos, cruzamento de dados e estatísticas que fundamentam a sua implantação.

 

Segundo estudos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,5% da população brasileira está na miséria, com todos os riscos de vulnerabilidade social. Desse percentual, 46,7% vivem no campo, e respondem por apenas 15,6% da população brasileira. De cada quatro moradores da zona rural, um encontra-se na miséria. As cidades, onde moram 84,4% da população total, concentram 53,3% dos miseráveis. O 3 a 1 desta quarta-feira (11), às 22h30, vai debater essa situação.

 

Participam do programa: Ana Fonseca, secretária para Superação da Extrema Pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social; Jorge Abrahao, diretor de Estudos de Políticas Sociais do IPEA, e a antropóloga Márcia Anita Sprandel, autora do livro A Pobreza no Paraíso Tropical. O programa é apresentado pelo jornalista Luiz Carlos Azedo.

 

Assuntos e comentários dos entrevistados:

Ana Fonseca

“A pobreza tem muitos nomes: renda, água, documento. O problema tem todas essas dimensões, além do desenvolvimento econômico e social do Brasil.”

“Estamos combinando o mapa do IBGE que traça o perfil da miséria com o mapa dos serviços públicos. O desafio não é só do Ministério, mas de todos os brasileiros.”

“Temos condições e vamos erradicar a pobreza no Brasil em quatro anos.”

 

Jorge Abrahao

“A partir de 2003, houve uma queda na miséria. Primeiro porque o Brasil cresceu e segundo porque o Brasil montou um aparato de políticas sociais.”

“A população do campo é a que precisa de mais atenção porque a miséria é maior nesta população.”

“Vamos fazer um grande esforço e vai ser preciso uma forte governança para cumprir esse prazo de quatro anos.”

 

Márcia Anita Sprandel

“Ocorreu uma mudança de paradigma. A miséria deixou de ser vista como um problema e passou a ser medida, analisada. Foram criadas políticas para combater a miséria por meio dos programas de transferência de renda.”

“A mobilização que o Betinho provocou não acabou com a pobreza mas envolveu toda a sociedade. É isso: a responsabilidade é de todos. A diferença hoje é que a miséria não é tão forte, o excluído está menos excluído.”

 

http://tvbrasil.org.br/3a1/

Para assistir TV Brasil na internet: http://tvbrasil.org.br/ > WebTV

 

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