Nesta terça-feira, 20 de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra. A data é de reflexão sobre a importância da cultura e da história do negro no Brasil. Neste dia, no ano de 1695, morreu Zumbi dos Palmares, um símbolo da resistência à escravidão.
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Zumbi, que quer dizer “a força do espírito presente”, era filho de guerreiros angolanos. Ele nasceu em um povoado de escravos no Brasil chamado de quilombo. Foi capturado quando criança por soldados e entregue a um padre chamado Antonio Melo. Esse padre ensinou o português e o latim para o menino, que era muito inteligente e foi batizado com o nome de Francisco. Aos quinze anos, ele fugiu e voltou para o Quilombo.
Lá, ele se tornou um líder e lutou contra a escravidão. Ficou conhecido como Zumbi dos Palmares. Palmares foi o nome dado à região onde ficava o quilombo porque tinha muitas palmeiras. Hoje, estado de Alagoas.
Mas uma expedição militar foi designada para destruir o povoado. Cerca de nove mil homens armados com canhões derrotaram o movimento do quilombo. No dia 20 de novembro de 1695, encontraram e mataram Zumbi.
Em 2003, por meio de uma lei, esse dia foi declarado como o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa mesma lei tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Agora, em todas as escolas do país, os alunos estudam a história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.
Ouça reportagem da Radioagência Nacional: http://www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2012/11/20-de-novembro-dia-da-consciencia-negra
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Você sabe qual é a importância da cultura negra para a história do Brasil?
Adriana Franzin - Portal Brasil, Brasil Escola, MPF, Entretextos, 19.11.2012 - 13h27 | Atualizado em 19.11.2012 - 13h41A partir da metade do século 16, os africanos chegaram ao Brasil para trabalhar como escravos. Com eles, vieram os costumes, as religiões, as tradições, uma cultura forte e diferente das que já estavam aqui, vindas dos europeus e dos índios. A união e a mistura de todos esses elementos deram origem à identidade brasileira.
As contribuições da cultura de origem africana para a construção da personalidade brasileira são inegáveis. Elas estão em toda parte.
Música: Além do samba, que é o estilo brasileiro mais famoso no mundo, outros ritmos também vieram da mãe África: Maracatu, Congada, Cavalhada, Moçambique. Além disso, muitos instrumentos musicais:
- afoxé: tipo de chocalho feito com uma cabaça e uma rede de miçangas;
- agogô: cones de metal tocados com uma baqueta;
- barimbau;
- caxixi: cesto de vime em forma de chocalho encerrado no fundo uma cabaça com sementes;
- atabaque: tambor alto;
- cuíca: parecido com tambor, mas com uma varinha encostada à pele, que fricciona produzindo som;
- djembe;
- ganzá e muitos outros.
Culinária: Ingredientes como o leite de coco, a pimenta malagueta, o gengibre, o milho, o feijão preto, as carnes salgadas e curadas, o quiabo, o amendoim, o mel, a castanha, as ervas aromáticas e o azeite de dendê não eram conhecidos nem usados no Brasil antes da chegada deles. Muitos pratos conhecidos e apreciados aqui vieram de lá: vatapá, o caruru, o abará, o abrazô, o acaçá, o acarajé, o bobó, os caldos,o cozido, a galinha de gabidela, o angu, a cuscuz salgado, a moqueca e a famosa feijoada. E os doces? Canjica, mungunzá, quindim, pamonha, angu doce, doce de coco, doce de abóbora, paçoca, quindim de mandioca, tapioca, bolo de milho, bolinho de tapioca entre outros.
Saiba um pouco mais sobre alguns pratos:
- Abará: Bolinho feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água;
- Acaçá: Bolinho feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira;
- Ado: Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel;
- Aluá: Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos orixás nas festas populares de origem africana;
- Quibebe: Prato feito de carne-de-sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora;
- Acarajé: Bolo de feijão temperado e moído com camarão seco, sal e cebola, frito com azeite de dendê;
- Mungunzá: Feito de milho em grão e servido doce (com leite de coco) ou salgado com leite;
- Vatapá: Papa de farinha-de-mandioca com azeite de dendê e pimenta, servida com peixe e frutos do mar
Religiões: Na África, há muitas religiões diferentes. Antes de vir para cá, cada um seguia a religião de sua família, clã, ou grupo. Mas quando chegaram aqui, os escravos foram separados de seus parentes e pessoas próximas. Por isso, passaram a se reuniar com pessoas de outras etnias para realizarem os cultos secretamente. Para que todos pudessem participar, essas reuniões eram uma mistura de cada religião, com rituais e cultura unidos e partilhados. Daí surgiu o Candomblé. A crença nasceu na Bahia e tem sido sinônimo de tradições religiosas afro-brasileiras em geral. A Umbanda, que também tem origens africanas, une práticas de várias religiões, inclusive a Católica. Ela se originou no Rio de Janeiro, no início do século 20. Tem muitas outras religiões de origem africana:
- Babaçu (PA);
- Batuque (RS);
- Cabula (ES, MG, RJ e SC);
- Culto aos Egungun (BA, RJ e SP);
- Culto de Ifá (BA, RJ e SP)
- Macumba (RJ),
- Omoloko (RJ, MG, SP),
- Quimbanda (RJ, SP),
- Tambor-de-Mina (MA),
- Terecô (MA),
- Xambá (AL, PE),
- Xangô do Nordeste (PE),
- Confraria,
- Irmandade dos homens pretos,
- Sincretismo
Artes marciais: A capoeira, uma mistura de dança e luta, foi criada pelos escravos como uma estratégia de defesa. Como os treinamentos de combate eram proibidos, os escravos que conseguiam fugir mas que eram recapturados ensinavam aos demais os movimentos. Embalados pelo som do berimbau, eles enganavam os capatazes, que achavam que estavam apenas dançando. Assim, eles treinavan nos engenhos sem levantar suspeitas. A capoeira só deixou de ser proibida no Brasil apenas na década de 1930. Em 1953, o mestre Bimba apresentou a arte ao então presidente Getúlio Vargas, que a chamou de “único esporte verdadeiramente nacional”.
Língua: As línguas africanas exerceram tanta influência no modo de falar do povo brasileiro que a nossa língua já é considerada diferente do Português de Portugal. Na Bahia, são usadas cerca de 5 mil palavras de origem africana. A maior parte das palavras que enriqueceram o vocabulário brasileiro vêm do quimbundo, língua do povo banto. Na época da escravidão, o quibundo era a língua mais falada nas regiões Norte e Sul do país.
Palavras de origem banta:
BAGUNÇA – desordem, confusa, baderna, remexido.
BANZÉ – confusão, barulho.
BATUCAR – repetir a mesma coisa insistentemente.
BELELÉU – morrer, sumir, desaparecer.
BERIMBAU – arco-musical, instrumento indispensável na capoeira.
BIBOCA – casa, lugar sujo.
BUNDA – nádegas, traseiro.
CACHAÇA – aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação do mel ou barras do melaço.
CACHIMBO – pipo de fumar.
CAÇULA – o mais novo dos filhos ou irmãos.
CAFOFO – quarto, recanto privado, lugar reservado com coisas velhas e usadas.
CAFUNÉ – ato de coçar, de leve, a cabeça de alguém, dando estalidos com as unhas para provocar o sono.
CALANGO – lagarto maior que lagartixa.
CAMUNDONGO – ratinho caseiro.
CANDOMBLÉ – local de adoração e de práticas religiosas afro-brasileiras da Bahia.
CANGA – tecido utilizado como saída-de-praia.
CANGAÇO – o gênero de vida do cangaceiro.
CAPANGA – guarda-costas, jagunço.
CAPENGA – manco, coxo.
CARIMBO – selo, sinete, sinal público com que se autenticam os documentos.
CATINGA – cheiro fétido e desagradável do corpo humano, certos animais e comidas deterioradas.
CHIMPANZÉ – espécie muito conhecida de macaco.
COCHILAR (a ortografia correta deveria ser coxilar) – dormir levemente.
DENDÊ – palmeira ou fruto da palmeira.
DENGUE – choradeira, birra de criança, manha.
FUNGAR – aspirar fortemente com ruído.
FUZUÊ – algazarra, barulho, confusão.
GANGORRA – balanço de crianças, formado por uma tábua pendurada em duas cordas.
JILÓ – fruto do jiloeiro, de sabor amargo.
MACUMBA – denominação genérica para as manifestações religiosas afro-brasileiras.
MANDINGA – bruxaria, ardil, mau-olhado.
MARIMBONDO – vespa.
MAXIXE - fruto do maxixeiro.
MINHOCA – verme anelídeo.
MOLEQUE – menino, garoto, rapaz.
MOQUECA – guisado de peixe ou de mariscos, podendo também ser feito de galinha, carne, ovos etc.
MUCAMA – criada, escrava de estimação, que ajudava nos serviços domésticos e acompanhava sua senhora à rua, em passeios.
QUIABO – fruto do quiabeiro.
QUILOMBO – povoação de escravos fugidos.
SENZALA – alojamentos que eram destinados aos escravos no Brasil.
SUNGA – calção de criança.
TANGA – tapa-sexo.
TITICA – fezes, coisa sem valor, excremento de aves.
ZABUMBA – bombo.