Polícia Civil paralisa atividades contra cortes na segurança pública do RS
Da Redação
Policiais civis paralisaram as atividades nesta terça-feira (28) contra os cortes na área da segurança pública que já trazem conseqüências à população gaúcha. A interrupção dos serviços é o primeiro alerta ao governo e à sociedade sobre a gravidade da situação frente aos cortes de horas extras, promoções, efetivo e a instabilidade no pagamento dos salários. Além disso, os servidores anunciam forte mobilização contra a iniciativa do governador José Ivo Sartori (PMDB) de não cumprir os índices salariais aprovados no governo anterior, que elevam progressivamente os salários na segurança pública até 2018.
Desde as 8h, os policiais mantêm apenas regime de plantão para atendimento de casos graves nas delegacias do estado. Não estão circulando viaturas e também não estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, de prisão, operações policiais, serviço cartorário, entrega de intimações, oitivas e demais procedimentos da polícia judiciária.
A mobilização seguirá até as 18h. As delegacias, apesar de abertas, registram apenas casos de flagrantes, homicídio, estupro ou ocorrências envolvendo crianças e adolescentes e lei Maria da Penha. Em Porto Alegre, os servidores que aderiram à paralisação se concentraram em frente ao prédio da Palácio da Polícia, na Avenida Ipiranga.
"Estamos desde cedo parados e vamos seguir assim o dia todo. Conversando com os colegas, estão todos os servidores muito insatisfeitos. Os homicídios, arrombamento de caixas eletrônicos e brigas de gangues aumentaram muito", conta o policial civil de Santa Maria, Pablo Mesquita.
Governo quer revogar aumento escalonado na segurança
No mesmo dia em que os servidores aderiram à paralisação, o secretário chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, iniciou uma costura política com a base aliada para aprovar um projeto de lei que suspende os efeitos do escalonamento do aumento para os servidores da segurança pública. À imprensa, Biolchi disse que "entende a justa mobilização da categoria, mas as condições financeiras do estado não permitem uma negociação".
"O governador está indo na contramão com o contingenciamento na segurança. O estado não pode ficar esperando dinheiro para fazer segurança pública. Quando retiramos a polícia das ruas, quem toma conta é a criminalidade. Uma vez perdido este terreno, nunca mais recuperaremos. Ou há uma reação do governo, vindo a público e apresentando alternativas para falta de dinheiro ou as conseqüências só se agravarão", afirma o presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), Isaac Ortiz.
No dia 21 de abril deveriam ter sido publicadas as promoções dos servidores. No entanto, nem mesmo os salários são garantidos pela atual gestão. "Todo final de mês convivemos com esta angústia de não saber o que vai ser. Eu gasto R$ 800 em remédios, não posso ficar sem o salário", diz o policial civil aposentado Erli Soares, que mesmo inativo aderiu à paralisação.
Susepe e BM se unem à mobilização da Polícia Civil
Em maio, o governo deve pagar a primeira parcela do subsídio para a Polícia Civil, a Brigada Militar e a Susepe. Como forma de pressão pelo cumprimento da lei, as demais entidades representativas da segurança se uniram à paralisação da Polícia Civil. "O governo está fazendo terrorismo com a segurança pública. Infelizmente, hoje, a sensação de insegurança está muito grande e aumentando os índices de criminalidade e o governador não faz nada", critica Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf).
A Susepe paralisou parcialmente e 45 audiências de presos foram suspensas por conta da interrupção do serviço nesta quarta-feira. "Se o governo Sartori não cumprir a lei, todos estamos autorizados a não cumprir", diz o documento assinado por várias entidades da segurança pública.
Os servidores pretendem manter a mobilização e ocupar a Assembleia Legislativa se uma proposta contrária aos seus direitos for encaminhada. Os funcionários da segurança também não descartam a possibilidade de greve geral. "Quem dirá se faremos greve ou não será o governador. Não vamos admitir ficar sem direitos", adianta o coronel da BM, Leonel Lucas.
Tags: Brigada Militar, Governo, José Ivo Sartori, paralisação, Polícia Civil, Segurança, Susepe
Nenhum comentário:
Postar um comentário