A formação da nossa cidade tem origem na imigração de pessoas em busca de melhores condições de vida. Primeiro os italianos, depois outras etnias, como alemães, afrodescendentes e portugueses, deram o início à construção desta metrópole que hoje é Caxias. No pós-guerra com a deflagração do processo de industrialização do país, a população brasileira que era eminentemente rural, iniciou um processo de êxodo rumo aos centros industriais que começavam a nascer.
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Vocacionada para a metalurgia, produção da uva e vinho, nossa aldeia reunia as condições necessárias para aqueles e aquelas que, em busca de uma vida mais digna para seus filhos, com educação, saúde e conforto, optassem por vir morar aqui.
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E essa cidade cresceu. Caxias tornou-se um pólo metalmecânico, o segundo do país, e um dos maiores centros industriais da região sul, além de tornar-se referência também na área da produção de hortigranjeiros.
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Esse enorme contingente humano que veio atrás de melhorias das condições de vida também veio para trabalhar e produzir riqueza. Riqueza, aliás, que coloca muitas das empresas existentes em Caxias como referenciais de produção, organização e solidez econômica. Sem falar que moramos num lugar onde existe uma das maiores concentrações de empresas portadoras de certificados de qualidade ISO, independente do porquê que isso exista.
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Todo esse ciclo de capital e trabalho gera a riqueza que faz de Caxias do Sul uma das cidades mais bem servidas de arrecadação de impostos proporcionalmente à sua população. O orçamento municipal do próximo ano estará certamente girando na casa de 1 bilhão de reais. Por isso que, cada vez mais, o movimento comunitário tem a missão de pressionar o poder executivo municipal para o direcionamento das verbas orçamentárias para a solução dos graves problemas sociais que enfrentamos nos bairros.
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A habitação é uma área que enfrenta sérios problemas em nosso município. Mesmo com os pesados investimentos feitos pelo Governo Federal em parceria com o Governo Municipal, que resultaram no Programa de Arrendamento Residencial – PAR, ainda temos muitas deficiências nesta área.
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Há mais ou menos dois anos, em uma ação de protesto, pessoas chegaram a se enterrar, literalmente, devido à falta de investimento em habitação para pessoas com baixa renda, que são, sem dúvida nenhuma, quem mais sofre com falta de investimentos nesta área. Para encerrar o protesto, a Prefeitura prometeu a entrega de um loteamento popular com mais de 500 lotes para amenizar o problema. As palavras foram ao vento e a ação não se concretizou.
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Neste mandato à frente da UAB, pressionamos pela volta das reuniões mensais do Conselho Municipal de Habitação, responsável pela discussão das políticas públicas na área habitacional. Reconquistamos este espaço de articulação com as entidades representativas do setor. Estamos pressionando pela realização da 2ª Conferência Municipal de Habitação, buscando orientar o município na construção de alternativas verdadeiras para o déficit habitacional, para as áreas de risco e para a regularização fundiária.
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O grande desafio de uma cidade pujante economicamente como Caxias do Sul, é atender de forma satisfatória aqueles e aquelas que doam a sua capacidade física e mental para a produção da riqueza. O movimento comunitário tem um papel fundamental na organização popular para que realmente isto aconteça.Editorial do Jornal dos Bairros, publicação da União das Associações de Bairros de Caxias do Sul - UAB, edição de abril de 2009.
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